THE MEDIA PLAYERS
" A minha época é a da Antologia. Somos todos antologiadores, não só no sentido de florilégio (no que a palavra implica de arranjo estético), mas sobretudo no que implica de sentido crítico. Além disso, cada autor é sempre um antologiador do seu próprio trabalho - da sua produção ele escolhe, selecciona criticamente para publicação: faz uma crítica histórica, também. A nossa cultura é uma cultura de informação excessiva. Sabemos muito de tudo, de tudo o que foi e está diariamente a acontecer. Por isso o nosso contributo assume um carácter de reavaliação crítica. A antologia que é a obra de um autor, é uma espécie de vasta colagem mental, uma montagem, simultaneamente paradigma do modo como a experiência se exprime e se comunica, assim como do modo como a assimilação se processou. As nossas colagens mentais têm milhares de anos de camadas e o que apercebemos agora é o resultado duma clivagem crítica e histórica. Todos trabalhamos em circuito fechado. Esses são os jogos que jogamos com os elementos da comunicação - infinitamente anagramáticos. O observador em imagens realiza a aventura da invenção diária da sua liberdade, que por vezes eleva ao grau de memória pela solidificação em objectos. Entre a necessidade de expôr e a necessidade de reflectir o autor inflecte-se, isto é, inclina-se e projecta-se. Aliás, no sentido cinematográfico do termo: é a apresentação reiterada duma realidade/objecto da qual é apenas imagem (ou sequência de imagens). A transmissão duma visão, a sua maneira de se cumprir no tempo, não pode senão realizar-se gradualmente - é preciso escrever/ler o livro página a página, ver/ler as imagens uma a uma (ou umas após as outras) e depois reflecti-las, reflectindo acerca delas, no esforço de reconstituição que é também o da sua própria construção. Por isso o acto criador precisa de ser repetido indefinidamente. (...) "
Ana Hatherly
in "O Espaço Crítico - Do Simbolismo Á Vanguarda", col. Nosso Mundo, ed. Caminho
BASE CONCEPTUAL DA ESTRUTURA
Propomos um espaço - um sistema de colaboração de conectividade poliédrica. Um circuito próprio dentro do espaço da significação/ criação. Um espaço possível, na medida em que as estações percorridas dentro do sistema não são conhecidas na sua totalidade, na sua previsibilidade. Um espaço essencial de imprevisão em constante mutação - sendo que o seu próprio lugar de transformação se torna constantemente outro - torna-se ele próprio consumidor da matéria que produz, num exercício de autofagia constante, deslocando-se através da criação. Partindo de um núcleo que é triplo, pretendemos desenvolver uma estrutura tripartida em disciplinas distintas: vídeo/imagem/som preparados para a transgressão - subversão de significados dos universos pessoais de cada um dos intervenientes - através de uma dialéctica que poderá oscilar entre o diálogo e o silêncio, entre a colaboração e a incomunicabilidade dos materiais propostos para a criação.
Esta é uma estrutura múltipla que pretende, através deste circuito, a permanente transformação da matéria em movimento. O lugar infinito das múltiplas combinações entre vídeo, imagem e som estabelecido na circularidade das relações que esta estrutura vai percorrendo. Um som potenciará o início de um vídeo e que, por sua vez, potenciará a elaboração de uma imagem (ilustração, fotografia, desenho gráfico, etc.), por exemplo, sendo que a ordem temporal de intervenção pode variar entre vídeo-som-imagem, imagem-vídeo-som, som-imagem-vídeo, vídeo-som-imagem.
"Qualquer sistema fundamentalmente novo envolve novas relações semânticas; eis a grande dificuldade que nos assalta quando tentamos dominar um novo sistema. Devemos reeducar, ou mudar, as nossas velhas reacções semânticas"
Korzybsky
PRINCÍPIOS PRÁTICOS DA ESTRUTURA
Aos agentes da transformação da informação sob a forma de média, chamamos-lhe media players.
Apresentamos uma estrutura tripartida de médias - vídeo, imagem e som - sob a forma individual, para ser trabalhado, transformado, interpretado num outro média, numa infinita relação entre os vários objectos propostos aos diversos media players. Este diagrama poderá, no decorrer do processo, sofrer alterações, poderá redimensionar-se, tornando-se elástico, podendo absorver novos elementos ou reorganizar outros.
O objectivo deste processo será organizar algo comparável a uma antologia dos média intervencionados - um conjunto de trabalhos, fruto desta estrutura pluridimensional. Não é possível ver o sítio final e também nós, os mentores deste projecto, poderemos ser surpreendidos pelo desenvolvimento ou crescimento desta estrutura.
THE MEDIA PLAYERS PARTE 1
entre 08.03 e 12.04
Foi elaborada uma lista de indivíduos que vão interagir entre si e com os diferentes média, ao qual podemos chamar links, perante o sistema de comunicação apresentado. Todos esses indivíduos estão ligados entre si através dos média com os quais vão comunicar. Este sistema de "linkagem" permite uma relação, directa ou indirecta, entre todos os elementos do projecto.
Também os média estão ligados entre si num sistema que prevê uma infinidade e imprevisibilidade de resultados. O factor tempo é essencial - os media players são agentes de um acontecimento com o espaço de quatro semanas. Também durante este tempo o trabalho irá desenvolver-se, permitindo o lançamento da discussão sobre o seu funcionamento e a reflexão sobre motivações e objectos finais dos autores participantes. Deste modo, vão surgir todo um tipo de eventos relacionados com este acontecimento, bem como existe a possibilidade da participação directa dos autores na planificação dos mesmos.
Friday, March 09, 2007
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment