Todas as intervenções tinham de analisar, decompor e recompor representações prévias.
Podia também comparar-se a maneira como esta ou aquela linguagem tratara e modificara, recortava e religava as mesmas representações.
Seguindo um trajecto triangular comum.
A incessante actividade, continuidade, descontinuidade dos materiais a trabalhar proposta na "árvore dos Media Players". Já que esta estrutura se desenvolve apartir de um ponto comum , e foi avançando em mutação e procedência ao longo destas três semanas. As três linguagens derivam todas umas das outras, apartir da qual seria possível alguma continuidade visual, ou pelo contrário um desvio radical á substância iniciadora.
Para que uma evolução acontecesse foi necessário que o plano ininterrupto e linear da estória desta estrutura / jogo fosse quebrado, que a descontinuidade das ramificações fizesse surgir diferentes planos de organização na sua possível diversidade.
Condicionante evidente foi o tempo. O tempo real, dado á participação de todos os "Media Players" convidados, um lamento repetido nas várias sessões que organizámos . É compreensível e legítimo . Mas é também uma desculpa comum, que todos vamos usando para nos esquivarmos ou desculpar no dia a dia.
Talvez esta questão do imediatismo - do fazer rápido nos ajudasse com alguma espontaneidade nas intervenções. Sendo que permite apenas respostas mais rápidas e superficiais.
..."Pour qu'une chose soit interessante , il suffit de la regarder longtemps".. Gustav Flaubert
Sendo que a rapidez pedida, também não é de todo desinteressante ou desmotivadora, muito pelo contrário , procede uma estrutura activa e célere, de comunicação intensa.
Nas sessões organizadas podemos contar com a colaboração dos autores, ainda a quente , uma voz fresca , talvez ainda sem o distanciamento necessário para falar . Esse confronto entre autor e obra narrando a anatomia interna do seu trabalho é uma partilha generosa, que propicia o diálogo. Potencia o espaço crítico.
Ficaram tantas palavras em suspensão, teriam sido possíveis tantas outras combinações .
"As coisas não têm significação, têm existência" - Fernando Pessoa
...." O observador em imagens realiza a aventura da invenção diária da sua liberdade, que por vezes eleva ao grau de memória pela solidificação em objectos" - Ana Hatherly
A crítica dos objectos produzidos poderá ser ela própria produzida pelos objectos Media agora finalizados. Já que este encadeamento permitia no diálogo que potenciava, esse tipo de escrita em resposta. Renovando constantemente o significado inicial.
Os Media Players também foram mediadores, procurando reinstaurar a necessidade de significados fixos , um núcleo de significação concentrada.
A voz mais íntima dos intervenientes convidados, no contacto menos formal estabelecido no final para a elaboração de um documentário aglomerador das suas intenções e perspectivas sobre a estrutura media em que os envolvemos.
Produziremos assim um documento vídeo que pretende o todo sucessivamente, numa apresentação mais racional e plural.
As ramificações eram tantas, víamos tantas imagens possíveis, esperávamos ansiosamente pela imagem/ som / vídeo por vir. Numa ânsia infantil pela novidade recebida e mostrada em tempo real.
Imensos tópicos ficaram ainda por abordar uma analise mais exaustiva da mutação dos media propostos e da sua relação entrançada , bem como um certo lugar comum de comunicação presente em certos trabalhos apresentados.
Há ainda a questão do espaço, a invenção/ discussão de um espaço arquitectónico novo, para a projecção dos três media - pensando novas formas de experienciação dos media abordados neste projecto. Um lugar para "antologiar antologias " . Investimento no espaço e no tempo. Uma cobertura para o risco, implícito na troca.
" A linguagem também só começa onde a nossa relação imediata com a impressão sensorial e a afectividade cessa"... Ernest Cassirer.
Não poderíamos exigir demasiado sentido/organização não queríamos cair numa forma óbvia de repressão da espontaneidade primordial.
Mas também não fomos alvo de rebelião contra o direccionismo imposto. Sugiro que possamos ter iniciado e potenciando um espaço de investigação criadora, aberto ainda a intervenções e questões.
..."The counter culture is perfectly aware of where to beguin the job of demolition"... George Steiner
por Filipa Costa
Monday, April 23, 2007
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